Economia – a gangorra eterna (parte 2)

A Dívida Pública que, silenciosa, impõe pesada carga aos seus devedores (que, no caso, indiretamente, é o povo) é a ponta diametral – do outro lado – dos fundos de investimentos. Essa forma de capital, que ninguém vê, mas existe, onera e muito a economia mundial. A má tributação da renda em relação às grandes fortunas faz com que, principalmente a Classe Média, acabe por sustentar um país em apuros. O Estado, “voraz” de impostos, como por exemplo temos o Brasil, que se apropria do rendimento não só das empresas, como também, dos trabalhadores – que não usufruem a contento das benesses desse dinheiro mal investido. Sem contar, é claro, dos vários escândalos crônicos que ocorrem com o dinheiro público, de vez em quando.

A “semiescravidão” do operariado chinês (pelo menos pela ótica trabalhista de direitos do trabalhador moderno no Ocidente) é que atualmente fortalece esse grande dragão oriental, tornando os preços finais dos seus produtos ultracompetitivos. Então, a Economia chinesa, com seus produtos a preços módicos, “atrapalha” os outros países, que ficam refém da China, mesmo tributando absurdamente os produtos mandarins em seus portos e aeroportos. Um produto manufaturado X que é produzido na Alemanha, e que tenha um preço de 3 X, custam em Beijing ou Cantão, por apenas um X. Mesmo que se tribute em 100% este produto, ainda sai a 2X, menor preço que o da Alemanha. Por que? Grande produção em escala, “salários de fome”, mais-valia fantástica, pelo menos em percentual. Se analisarmos que um guarda-chuva produzido em numeral quantitativo de um milhão sai, pelo custo final, por um dólar. Esse mesmo guarda-chuva produzido, por exemplo, em 100.000 unidades, mas com pagamento de salários altos aos operários europeus, no final, só pode ser vendido (para se obter lucro razoável) por 3 dólares. Quem sai ganhando? A China Popular, é claro.

Na Acumulação financeira houve, com o passar do tempo, a “quebra” de acordos do “Tratado de Bretton Woods”, nos Estados Unidos, em 1944, em plena Segunda Guerra Mundial. Um destes acordos desfeitos foi as taxas de cambio fixas, que faziam com que não houvesse um “livre arbítrio do capital” nas relações internacionais. Os Estados Unidos, que foram os primeiros a quebrar o acordo, “fugiram” dessa forma de atrelar o Dólar Americano ao Ouro, com isso, fizeram flutuar sua moeda pelo mundo, até hoje (mesmo sendo a moeda ianque hoje não tão valorizada assim). Na verdade, esse acordo assinado por 44 países foi o pontapé para a criação, por exemplo, do Banco Mundial e fez com que houvesse facilidade na reconstrução da Europa e do Japão, aniquilados pela II Guerra.

O crescente déficit norte-americano, por causa de suas imensas despesas, aumentou drasticamente, também pela Guerra do Vietnã, terminada em 1975, com a derrota dos Estados Unidos. A crise do petróleo, em 1973, também acentuou este problema, mesmo a despeito de os EUA serem grandes produtores dessa importante fonte energética. Os papéis da Economia americana, nos anos de 1980, foram postos nos mercados financeiros, a fim de “empurrar com a barriga” a dívida ativa dos Estados Unidos. Ou seja, os papéis do tesouro Americano entraram no mercado mundial de ações, para que houvesse uma retomada de crescimento econômico, já não era a economia norte-americana, aquele monstro, que nos anos de 1950 detinha 60% da Economia mundial. Japão, Alemanha, Inglaterra, e a crescente China, de Deng Xiaoping, agora, eram economias também vorazes, assim como os tigres asiáticos, capitaneados pela Coréia do Sul. A América Latina, nesse contexto, continuava a ser o “quintal” dos Estados Unidos.

A Dívida Pública é o fomentador da criação de créditos. No âmbito microeconômico, a “explosão” dos cartões de crédito, a partir dos anos de 1990, fez com que cada indivíduo devesse muito, pois, compra-se no presente e paga-se no futuro. Com o Estado não é diferente, pois, perdulário, não consegue arrecadar o suficiente para pagar suas dívidas e põe no mercado “pedaços de sua própria carne”, retirando de sua riqueza o necessário para saldar seus compromissos.

O aumento das taxas de juros é a mais-valia em prol da Oligarquia financeira, formada por grandes industriais e por grandes banqueiros. 1% de lucro, que seja, em cima de milhões de reais, é muito dinheiro.

Na verdade, os gestores mundiais do Grande Capital fazem de marionetes os países endividados, colocando ao seu bel prazer os números que farão com que os povos submissos cheguem à falência e à submissão do capital especulativo internacional. A lucratividade futura das empresas é que faz com que grandes investidores migrem de mercado em mercados em busca do lucro fácil.

Para os trabalhadores que participam desse ciclo há vantagens momentâneas como: pensão, seguros e salários mais vantajosos. Só que a massa desqualificada e pré-famélica, terceirizada, se vê no “inferno” quase real. Com isso o desemprego se faz mais pujante e leva os salários reais lá para baixo.

Daniel Sales

Daniel Sales

* Daniel Sales é pesquisador cultural.

Veja também
Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *