Gestão dos extremos – A Era do Tudo ou Nada

Não são poucos os eventos que mostram o Planeta pedindo socorro, pois as mudanças globais atingem a todos, trazendo consequencias drásticas e prejuízos incalculáveis.

Tivemos um terremoto com proporções gigantescas, que devastou a costa Nordeste do Japão. Tsunami é o nome do fenômeno que atingiu 9 graus na escala Richter. O maior já registrado até hoje teria ocorrido no Chile, em 1960, de 9,5 graus na escala Richter, causando a morte de aproximadamente 5.700 pessoas e deixando cerca de 2 milhões de feridos. Outro abalo de enorme magnitude ocorreu no Alasca, em 1964, e atingiu 9,2 graus, mas, como teria ocorrido em uma área desabitada, não causou tantas perdas humanas ou materiais. Nessas condições, o Tsunami foi uma verdadeira catástrofe, onde as ondas de 10 metros de altura, literalmente, varreram tudo que estava ao seu alcance, pessoas, coisas, casas, nada resistiu ao Tsunami, pareciam brinquedos de papel.

Outra catástrofe que dizimou um País inteiro foi o terremoto no Haiti ,que alacançou o nível 10 da escala Mercalli Modificada, no máximo de 12, que seria a destruição total de um lugar. O povo  haitiano, além de perder tudo, perdeu também sua referência de cidadania, visto que, hoje, peregrinam por vários países, pedindo guarida e um pouco de dignidade. Nada restou, além das origens culturais.

No Brasil, esses fenômenos de devastação não são diferentes. Na região serrana do Rio de Janeiro, a chuva ocasionou desabamentos de encostas onde vários Municípios tiveram as casas soterradas nos meios dos escombros. Em Santa Catarina, as chuvas deixaram desabrigados milhares de moradores, que tiveram de deixar suas casas, em alguns casos içados por helicopteros ou puxados por guindastes, pois a força da correnteza não permitia um resgaste normal.

No  Nordeste, a seca é tão massacrante que a terra se abre em grandes fendas, por não suportar o calor escaldante. As plantações viram pó e as pessoas não têm o que comer, muito menos o que beber. A imagem do sofrimento e da falta de um ítem essencial que é a água nos leva a pensar que Deus esqueceu que ali tem, além de adultos, crianças que padecem dessa seca terrível, onde a chuva não vem e o governo não provém.

No Norte, a água ao contrário do Nordeste, não falta e sim abunda. No Amazonas, particularmente vira um problemão inadministrável por todos, Governos, Sociedade Pública e Privada e Povo. Todos sofrem porque a cheia bate recorde. Seria para comemorar, não fosse um recorde negativo, onde alcançar o maior índice não significa subir no mais alto do pódium. O  intervalo de tempo entre as grandes enchentes está reduzindo. O rio partiu de 17m14 (30/10/1952) para os 29m69 (09/06/1953). Em 2012, o nível atual ficou em 29m97. Como falam nossos caboclos, uma cheia histórica. Aí, talvez, precise traduzir “cheia” e “histórica” para saber se sentimos orgulho ou tristeza pelas consequências que advirão desse evento.

As questões ligadas ao meio ambiente pesquisadas e estudadas através de seus especialistas não são recentes e nem inéditas, onde a questão do Aquecimento Global é um fenomeno estratosférico, de proporções imensuráveis.

E é nesse contexto que a Gestão dos Extremos tem o seu ápice, onde tudo será extremado, polarizado, significando dizer que a cheia será cada vez mais cheia, a seca será cada vez mais seca, o frio será cada vez mais frio, o calor será cada vez mais calor.

Tudo será mais intenso e profundo nas extremidades. O equilíbrio, tão desejado que faz o balanceamento das situações, não se aplicará nesses casos, pois o desafio está nas pontas.

A tendencia é discutirmos esse assunto relativo aos fenomenos da natureza, mas, se ampliarmos a nossa visão de mundo, podemos perceber que a Gestão dos Extremos também está em outros campos da vida, por exemplo, na violencia urbana, na relação entre pais e filhos, nos relacionamentos dos casais, e aqui um parêntese para exemplificar com o caso da esposa que matou, esquartejou o marido, colocou em sacos de lixo, pôs em malas e depois jogou no matagal. É a extremidade ultrapassando todos os limites de sua gestão.

Talvez tenhamos que abraçar menos árvores, abraçar menos edifícios e abraçar mais causas e projetos que tenham mais solidez e dignifique mais a humanidade. Talvez tenhamos que estar mais atentos porque o sucesso do passado não garante a perenidade do futuro, nem a estabilidade do presente. A sustentatibilidade deixa de ser uma grife ou uma onda para ser um modo de sobrevivência.

Ter consciencia de onde estamos e para onde vamos, num Universo que dentro de um compasso se descompassa com um tremor da Terra, que desloca em 10 cm o seu eixo de rotação e isso faz toda a diferença, porque os dias ficam um pouco mais curtos e  nem percebemos o 1,8 microssegundo que perdemos, por estarmos totalmente voltados para a gestão do dia-a-dia e não para a Gestão dos Extremos, que vai exterminando comunidades, engolindo praias, destruindo gerações e petrificando os corações.

Novos desafios virão. Fica o alerta e cada um é responsável pela sua parte nesse latifúndio.

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova Nogueira é advogada e assistente social, com MBA em Gestão de Pessoas (FGV-ISA...

Veja também
3 comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Niscilene Casanova disse:

    Parabéns! Excelente explanação! Você fez colocações que devem nos levar a pensar no futuro com responsabilidade.
    A bíblia diz, para nos tranquilizar sobre a Terra, em Salmos 104:5 – “Ele (Jeová Deus) fundou a terra sobre os seus lugares estabelecidos; Não será abalada, por tempo indefinido ou para todo o sempre.”
    E quantos as loucuras de assassinatos ocorridos, ela diz:”….por causa do aumento do que é contra a lei, o amor da maioria se esfriará.”

    1. ozeneide casanova disse:

      Grata pelo retorno. Temos que estar atentos aos eventos para não sermos pegos de surpresa.
      abs

  2. Niscileide disse:

    É pertinente falar sobre o assunto e sobretudo alertar a humanidade, o que vemos é lastimável, mais pessoas sendo “educadas”, porém preocupando-se menos com os meios e com riscos de suas atitudes, o que vemos é algo assustador, entre lixões e pessoas egoístas que de fato não veem o que pode advir de seus atos, o que vemos hoje é a natureza reclamar o que o homem não valoriza.