Economia, a gangorra eterna

A crescente fusão e associação das economias de grupos industriais gigantescos fez com que houvesse a mundialização (globalização) da economia, estabelecendo-se assim um novo patamar, não só de novos e diversos valores sociais como, também, de uma maneira mais generalizada, na forma de se viver (principalmente no ocidente).  A junção paulatina dos grandes conglomerados industriais, bem como o vigor sazonal do setor financeiro, os bancos, as grandes cadeias de lojas, e os que mexem com as comunicações, de modo geral, fez com que a partir daí houvesse uma interdependência de um setor pelo outro.

Os investimentos financeiros, em seu cerne, fariam então que a indústria se desenvolvesse a passos largos estabelecendo aos bancos lucros nunca antes vistos. Os bancos não seriam, a partir daí, um simples local para se guardar moeda, realizar pagamentos etc. E sim, para que houvesse também a especulação necessária para que os papéis se valorizassem por meio das ações das empresas. Essa prática antiga anglo-saxônica, somente chegou com força ao Brasil um pouco antes  nos final do Século XX (popularmente falando).

A Mais-Valia da Teoria Marxista, capitaneada pelo mesmo (Max)  e por Engels, adentra nesse processo dinâmico no Século XIX, pois, com os lucros num crescente exponencial, essa Teoria teria ainda mais fundamento científico. Seria, deveras, importante que os Estados nacionais criassem mecanismos para que a propalada Massa continuasse a trabalhar em prol desses objetivos.

Entretanto, mesmo que as máquinas fabris tenham se modernizadas e se deslocado para outros setores, grande parte dos trabalhadores, com seus sagrados empregos, e  a diversificação da produção atrelada  ao aumento quantitativo produtivo nas diversas áreas, fizeram com que tanto houvesse a manutenção das reservas, dos  “exércitos de mãos de obra”, como também um nascente grande mercado consumidor para os produtos manufaturados. Se o Século XIX assistiu (pelo menos em parte da Europa) à era da Revolução Industrial, o final do Século XX estendeu o tapete vermelho para a era do consumidor –  exigente, teoricamente sabedor dos seus direitos e com vasto exposição de produtos ao seu alcance.

É impossível viver-se só de especulação financeira (por um longo tempo) sem que para isso haja colada a ela a produção real. Essa forma de “fetiche” das finanças é uma ilusão, um surrealismo. Somente com a produção de riquezas, mediante a força de trabalho (indireta ou não), é que se alcançam os lucros e o desenvolvimento verdadeiro por um tempo durável.

O setor financeiro, criador de juros e preço em cima da moeda (para os leigos, saibam que a moeda também é um produto vendável e comprável) pode ser levado sim  à bancarrota econômica, como um todo, como em 1929, e, mais recentemente, em 2008.  Os Conselhos e organismos financeiros internacionais, que se movimentam em prol do desenvolvimento, sempre entram em ação prática quando uma nação está em falência (vide o caso da Grécia, recentemente, ou da Argentina, em 2001, e, mais longe, o Brasil, em 1987…).

Mas esse dinheiro emprestado (vendido) vira uma “bola de neve” ao país emprestador, por o dito país –  na maioria das vezes – não saber fazer os ajustes internos necessários, como o corte das despesas do governo e o aumento da produção, auxiliado pelo também aumento da poupança e diminuição geral dos gastos, sem necessariamente estagnar a economia. Os juros e sua tentativa de mediação também têm que ser levado em conta. Não é fácil, nem nunca será.

Continua proximamente.

Daniel Sales

Daniel Sales

* Daniel Sales é pesquisador cultural.

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