Imagine a disputa da Prefeitura sem Amazonino ou Braga e com Rebecca, Rotta, Arthur e Serafim

Tudo indica que é para valer a decisão do prefeito Amazonino Mendes de não disputar a reeleição. Se fosse candidato, com a tonelada de shows da Virada Cultural, este fim de semana, ele estaria anunciando os shows e fazendo apelos para a “Virada da solidariedade” ou, no mínimo, a filha dele, Lívia Mendes, presidente da Manauscult, organizadora do evento, estaria dando entrevistas sobre o tema. Eduardo Braga, por outro lado, só deixaria a liderança do Governo Dilma no Senado se estivesse desgastado e sem liderar nada entre os pares. Imaginemos, então, como ficará a disputa pela Prefeitura de Manaus.

Ofereço ao leitor um cenário tendo como candidatos a deputada federal Rebecca Garcia, o deputado estadual Marcos Rotta, o ex-senador Arthur Virgílio Neto e o ex-prefeito Serafim Corrêa.

Rebecca caminha para ter o apoio do governador Omar Aziz e do prefeito Amazonino Mendes, mas tem melhorado muito a capacidade de articulação em Brasília e se movimenta em busca de soluções definitivas para as vítimas da enchente recorde, exibindo cacife próprio na disputa. Além do mais, o pai dela, Francisco Garcia, tem o comando do PP no Estado e ela é a única liderança com mandato do partido, o que torna a candidatura livre de “rasteiras” partidárias.

Rotta tem se destacado na defesa do consumidor, a partir do programa Exija seus Direitos, na Band, e da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa. Em episódios recentes, ele tem demonstrado espírito crítico e, apesar de amigo pessoal de Omar Aziz – com quem criou e iniciou o Exija seus Direitos –, tem acompanhado a oposição em críticas ao Governo do Estado, sem incorporar o ridículo batalhão do “sim senhor” da Assembleia. Um de seus desafios é encarar a direção da Band regional, evidentemente pro-Rebecca, e aceitar ser candidato de Eduardo Braga. O outro é saber quem vai bancar a campanha, porque Braga tem que guardar apoio financeiro para a eleição que considera principal, do Governo do Estado, em 2014. Rotta caiu numa armadilha do destino, com a briga entre Eduardo e Omar: é do partido de Eduardo, o PMDB, mas está estreitamente ligado ao governador. É esse teorema que resolve seu destino na disputa.

Arthur tem recebido injeções de motivação para encarar a briga pelo posto de Amazonino. A última foi uma pesquisa que mostra que o ex-senador entraria na disputa com uma rejeição em torno de 10%. Passados 20 anos da saída dele da Prefeitura e diante do consenso de que os camelôs precisam sair do Centro, com a Copa do Mundo às portas, os obstáculos à candidatura dele estão ruindo. “Arthur é o maior interessado em resolver, para valer, a situação dos ambulantes. E só pode solucionar esse problema como prefeito”, afirma um dos integrantes do PSDB regional, acrescentando que “o manauara está querendo dar uma compensação à saída dele do Senado Federal, no auge, como o melhor senador do Brasil”.

Serafim Corrêa tem um patrimônio de votos entre 20% e 25% dos eleitores, que se tem mantido constante nos últimos pleitos. Ele assiste de camarote à disputa dos demais, que pode pulverizar a votação, esperando quem tiver o melhor desempenho num provável 2º Turno. O maior problema dele chama-se “novo”, “novidade”. Ao contrário do pleito que venceu, contra Amazonino, quando podia criticar à vontade e não tinha nenhum telhado para levar pedradas, hoje, a administração que comandou, de 2005 a 2008, é um alvo certo em qualquer eleição. Antes, ele era o novo. Agora, ele também envelheceu politicamente.

De longe, mas não muito, os caciques observarão o pleito com todo interesse. Amazonino pensa em cuidar da saúde, ao longo de 2013, ficando em forma para enfrentar Eduardo Braga, em 2014. Tudo o que os dois não querem é um (a) prefeito (a) dinâmico (a), inovador (a), capaz de mexer com a cidade. Alguém assim acaba virando adversário (a) na disputa do Governo do Estado. Ou, no mínimo, favorito na disputa da própria reeleição. E aí, isso também não interessa ao governador Omar Aziz, que hoje é um nome forte em Manaus e bem poderia disputar a Prefeitura, em 2016 – crescem cada vez mais as possibilidades de que ele não saia do Governo, em 2014, deixando de disputar qualquer cargo, mas tornando-se o fiel da balança de sua sucessão.

A enchente acabou tirando um pouco o foco da disputa eleitoral que se aproxima. A data limite para os partidos apresentarem candidaturas, porém, é 30 de junho, último prazo para as convenções partidárias, e quem quiser entrar na disputa vai ter que correr contra o relógio.

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