Troca de Águas do Amazonas por Águas do Brasil tem que tornar útil o rio de dinheiro gasto no setor

A Águas do Amazonas está deixando Manaus. Após intensas negociações, que levaram a uma ponte aérea Manaus-São Paulo, nas últimas semanas, a transação parece ter sido concluída. Espera-se que não fique nenhuma conta extra para os munícipes manauaras pagarem. E, sobretudo, que comece a ter alguma consequência prática, na qualidade e constância do fornecimento, o rio de dinheiro que se gasta nesse setor.

Um passo importante é resolver o que será feito da tomada d’água na Ponta das Lajes, construída pelo Programa Águas para Manaus (Proama). À população da Zona Leste, que sofre com o desabastecimento, não importa se quem construiu foi o Eduardo Braga, o Eduardo Ribeiro ou o tataraneto do prefeito Amazonino Mendes. Eles que briguem entre si à vontade, mas foram investidos R$ 300 milhões na obra, com a promessa de que o problema seria resolvido. E se alguém achava que seria dinheiro jogado fora, isso devia ser dito no começo do trabalho e não agora, quando tudo está concluído.

Vai custar mais caro operar que os lucros obtidos com a água? Os consumidores são os que menos pagam para a concessionária? Onde fica o aspecto social da coisa? Porque a nova empresa não pode pegar dinheiro de outras áreas da cidade e investir lá, equilibrando socialmente o abastecimento e resolvendo um problema que parece insolúvel? Além do mais, o distrito industrial fica logo ali e não haverá de ser um teorema técnico insolúvel “esticar” o fornecimento até lá – onde estão as indústrias, os maiores e mais ricos consumidores da cidade. Ah, eles usam poços artesianos… Algum dia a cidade vai ter que cobrar alguma coisa por essa água e a hora é boa para começar, com equilíbrio e sem achacação.

Todo mundo está vendo que a nova operadora vai entrar em Manaus com o mesmo equipamento e mesmo pessoal da Águas do Amazonas. Não muda nada. A diferença fica por conta da promessa de novos investimentos. Ok, mas fiquemos atentos para evitar maquiagens e promessas vazias, como tantas que já foram feitas até aqui.

Em qualquer país desenvolvido, o consumidor toma água direto da torneira. Em Parintins, na minha infância, tomava-se água direto da torneira – água de poço, fornecida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). Descobriu-se, há poucos anos, contaminação por metais leves, como alumínio. Pura falta de atenção dos gestores. A questão é que isso é possível. É hora de cobrar dos responsáveis que Manaus chegue a esse estágio. O manauara precisa parar de pensar que certas coisas são impossíveis.

O dinheiro está jorrando. A água tem que melhorar.

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2 comentários

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  1. Elson Farias disse:

    Precisa saber-se quanto é o cachê dos atores desse espetáculo de saltimbancos.

  2. everlin melo disse:

    Negociata lascada! Revenderam a agua, sem licitação e a promessa que em 2040 chega a agua, e o jornalista nem fala da imoralidade que foi esse contrato.

    RESPOSTA:
    Everlin, dá uma olhada na data em que foi postado o comentário do blog. Antes de anunciados os termos do contrato, o que todos sabíamos eram boatos. Nada oficial. E agora o caso está com o Ministério Público Estadual, que deve ter o apoio de todos, para averiguar o que houve e punir os responsáveis pelo que parece ser mais uma maracutaia das grandes.