Pobre coitado?

“Tadinho!” Assim muitos exclamam quando, por ocasião da páscoa, diversas encenações da paixão de Cristo são apresentadas em espetáculos públicos em todo Brasil. De fato, a dramatização dos acontecimentos que antecederam a paixão, toda a trajetória rumo ao calvário e a própria crucificação em si comovem a qualquer um, pois, segundo as pesquisas, a morte de cruz foi considerada uma das piores e mais cruéis formas de executar, justamente porquê o seu propósito era torturar ao máximo antes de matar. Era, portanto, uma morte lenta e agonizante, que poderia levar dias e dias sob intenso e insuportável sofrimento.

No entanto, para a fé cristã que se fundamenta tão somente no alicerce sólido e infalível da revelação divina, a Bíblia Sagrada, embora tenhamos necessariamente que nos comover e admitir o quão hediondo e cruel foram os sofrimentos de Jesus Cristo, jamais poderíamos vê-lo como um pobre coitado que, à semelhança de muitos idealistas que lutaram e morreram por suas ideologias e crenças, impotentes diante das forças contrárias, como mártires foram executados, tornando-se assim exemplos de renuncia e autoentrega.

Não! Em hipótese alguma os genuínos cristãos podem admitir que essa visão distorcida e reducionista prevaleça, pois, o próprio Jesus, quando estava em oração no jardim do Getsêmani, quando traído e entregue por Judas aos soldados judaicos e diante da reação violenta de Pedro perguntou-lhe: “Ou pensas que eu não poderia rogar a meu Pai, e ele me enviaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?” Mateus 26: 53. A fé cristã confessa a plena e perfeita humanidade de Jesus, mas, simultaneamente o confessa como o Filho de Deus, portanto, reconhece sua plena e perfeita divindade, assim sendo, para os cristãos verdadeiros Jesus de Nazaré é o Deus-homem.

Logo, Jesus não foi traído, preso e executado como alguém que sucumbiu diante da oposição opressora e esmagadora. Não! Ele se permitiu prender e executar, pois, segundo o registro dos evangelhos, ele mesmo ensinou que viera ao mundo “para dar a sua vida em resgate de muitos”, Marcos 10:45. O ensino claro da Bíblia é que a razão da encarnação do Filho de Deus não foram os milagres, os exorcismos e o ensino ético, mas, morrer para redimir os homens que, escravizados pela natureza pecaminosa dos seus próprios corações, encontram-se espiritualmente mortos e condenados à morte eterna.

Na qualidade de Filho de Deus, ele teria da parte do Pai legiões de anjos que dariam conta com extrema facilidade de todos os exércitos de todas as nações terrenas. Portanto, ele não foi levado à cruz contra sua vontade e arrastado por forças humanas e malignas invencíveis, mas, consciente e deliberadamente, ele se entregou para morrer. Sua morte foi considerada um sacrifício, pois, simultaneamente representava e substituía os verdadeiros culpados e dignos de morte, o homem caído e rebelde contra os céus.

De modo altaneiro, Jesus voluntaria e espontaneamente encarnou-se, morreu e ressuscitou para salvar os que creem.

Jorge Max

Jorge Max

Jorge Max é pastor da Igreja Batista Constantinópolis, em Educandos.

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