Vocação cosmopolita de Manaus, a “mãe dos deuses”

No dia-a-dia da cidade de Manaus deparamo-nos com uma crescente migração (e imigração) de profissionais advindos de outras paragens. Senão vejamos algum exemplo visível desse fato: dia desses conheci, logo cedo, uma piauiense, que havia chegado aqui há seis meses e trabalhava como ”guardete” de uma grande empresa. Conversa agradável, ela por duas vezes disse que “aqui é terra pra se ganhar dinheiro!”.

Pois bem, por volta do meio-dia, em um pequeno restaurante da cidade, almoçavam em uma mesa dois maranhenses e um paraense (todos, mototaxistas). A cozinheira do local, pelo que soube, era de Rondônia e a dona do restaurante, cearense. Ao meu lado, havia uma carioca, profissional da saúde.

À tarde, no trabalho, dois outros profissionais foram nos fazer uma visita, ambos paulistas e residentes aqui há dois anos.

À noite, conversei com um casal, ele goiano, ela mato-grossense.

No trânsito, pelas ruas, já se houve com bastante frequência as exclamações com claro sotaque forâneo, do tipo que torna o “r” bem dobrado. Dentro dos coletivos, se você fosse se atrever a indagar os usuários sobre este assunto, pelo menos um terço contaria ser “de fora”.

Manaus, na Bele Époque (1890-1915) foi uma cidade cosmopolita (tinha bastante estrangeiro por aqui). Hoje, dos seus quase dois milhões de habitantes pelo menos uns 500 mil são brasileiros de outros Estados, que aqui buscam melhorias de vida, igual a um conhecido de um amigo meu, que foi aprovado em um concurso de nível nacional, com vaga para o Amazonas, mudou-se para cá, passou três anos aqui e voltou ao Rio, depois de passar em outro concurso. Aliás, o amigo que falou isso também não nasceu aqui.

Manaus, sétima capital brasileira, em população, maior cidade da Amazônia Internacional e uma das maiores em quantidade de migrantes, cresce assustadoramente, mas também paga o preço do progresso com toda sorte de calamidades urbanas.

A nova onda agora é a dos haitianos, que abundam incessantemente na “mãe dos deuses” que, como todo mãe, tem o coração grande… Sempre cabe mais um? (uns)….

Daniel Sales

Daniel Sales

* Daniel Sales é pesquisador cultural.

Veja também
1 comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Fernando O. Santos disse:

    Verdade, aqui é realmente lugar para se ganhar dinheiro, Mas infelizmente não passa disso.
    Não entendo como um lugar onde corre tanto dinheiro possa ser tão desorganizado, com ruas minúsculas, sem calçadas, muito esgota a céu aberto, não apenas na periferia, mas também em locais ditos points da cidade, como nas proximidades da cachaçaria do Dedé, no Parque 10, onde o esgoto jorra embaixo do nariz dos frequentadores e corre para um posto de saúde bem ao lado e ninguém se importa
    com tanta sujeira.
    É por isso que as pessoas vêm pra cá, ganham dinheiro e depois vão embora reclamando da cidade.
    Quando é que as autoridades vão mudar esse quadro, o que pretendem mostrar para os muitos visitantes na época da copa? Uma cidade suja e fedorenta? Que vergonha!