Novo artigo Daniel Sales: Moeda e equilíbrio

A moeda surgiu como uma garantia de compensação, de pagamento, nas relações econômicas na época do escambo. Desde então ocupa papel fundamental nas transações econômicas. No Brasil, segundo consta, o Réis foi a moeda oficial do País até a época da II Grande Guerra.

A partir daí, o famoso Cruzeiro surge para uma nova era. Essa moeda perdurou até 1986, quando a “era Cruzado” e a indexação ao dólar foi, para a época (quando Sarney era o presidente), a forma de se tentar “segurar a inflação” – o que, na prática, não aconteceu.

Por essa época, vivíamos (guardadas as devidas proporções) numa espécie de “economia cubana”, onde havia o teórico preço dos bens de consumo, mas que no “câmbio negro”, na prática, o preço era outro, por sinal bem mais alto (lembremos das carnes de gados escondidas e vendidas nos becos escuros das cidades). Houve o desabastecimento dos supermercados, açougues, panificadoras e mercadinhos. O Brasil teve que pedir a Moratória da Dívida externa e “fomos para o buraco”.

O Cruzeiro voltaria em 1990 na “Era Collor”. Com o impeachment do alagoano, em 1992, e a chegada de Itamar Franco (seu vice) ao poder e, principalmente, com a colocação de FHC como ministro da Fazenda, a nova moeda – o Real – chega ao “poder”, em 1º de Julho de 1994 (com três meses anteriores na “modulação” das URVs).

Naquela época, a inflação comia em dois dígitos mensais a renda nacional. Esta nova fase econômica do País levou Fernando Henrique ao poder presidencial.  A priori, com o atrelamento do Real ao Dólar, e como recordação do preço do frango e seu quilo custando um dólar (hoje seria aproximadamente R$ 1,80!), assistimos a inflação ser jogada no chão (mas a “bolha” escondida crescia intramuros – sua explosão veio em 1999…). Vemos que a Economia não pode ser vista como estagnada. É móvel e “viva”.

Naquele já distante 1994, o salário mínimo era de U$ 100,00, hoje está por volta de U$ 300,00. Mas não podemos parametrizar estes dados, pois, com o dinamismo da Economia, o câmbio seria apenas um dos fatores a redimensionar o poder aquisitivo nacional (a macroeconomia e seus vários gráficos, ilustram estes fatos).

A Economia superaquecida favorece por um lado, mas gera dissabores por outro. O alto consumo das famílias tende à inflação indomada e seu baixo consumo, por outro lado, leva ao enfraquecimento generalizado.

Os “remédios” que o Governo concede à Economia, nesse caso, são o aumento dos juros, mas também seria fundamental para tentar frear essa gula que ele (o governo) diminua os seus gastos. Com isso haveria o fortalecimento da Economia como um todo.

O Real, que já está aí há 17 anos, pode ainda ter muitos anos de vida. Basta que haja por parte de todos os setores um ajuste de interesses no que diz respeito ao equilíbrio, esta sim a palavra-chave do sucesso.

Daniel Sales

Daniel Sales

* Daniel Sales é pesquisador cultural.

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