Borgonha, o estágio final para os amantes do vinho

Texto e fotos: Ivanhoé Mendes

Sem nenhum tipo de sacrilégio, a Borgonha pode ser encarada como a Meca dos enófilos (amantes do vinho) e outros apreciadores de bons vinhos.  Visitar a região é um prazer do início ao fim, da paisagem, belíssima!, incluindo-se aí os vastos campos de videiras da célebre uva Pinot Noir e, em menor número, os da cepa Chardonnay. Somente essas duas cepas são cultivadas na região. Suas casas e prédios,  muito antigos, remetem à época dos Ducados, sua comida maravilhosa e muitas vezes estreladas pelo guia Michelin, mas, principalmente, por seus vinhos brancos e tintos.

Os prédios remetem a épocas passadas, numa região onde a indústria do vinho e da culinária chegou ao auge

Na minha humilde opinião, o Pinot Noir da Borgonha é um estágio final na enofilia. Não existe patamar mais elevado. Desculpem-me os que apreciam somente os cortes bordaleses, que podem ser bons, mas os borgonhas são exuberantes. Mesmo um simples Pinot Noir Village ou um Premier Cru,  até o apogeu, que são os Grands Crus.

O terroir da Borgonha, aqui sob a névoa do inverno, é único e produz alguns dos melhores vinhos do mundo

Para entender a Borgonha e suas classificações é preciso conhecer a geografia da região, pois às vezes vinhedos separados por poucos metros têm classificações diferentes. Os vinhedos do mítico Romanée Conti, por exemplo, ficam numa parcela de terra considerada Grand Cru, mas os vinhedos em frente não. Na Borgonha não é o vinho produzido que traduz sua classificação, mas sim a parcela de terra em que a vinha é plantada. Os Grands Crus, grosso modo, são as parcelas de terra onde o acesso do vinhedo à água e aos nutrientes é mais  difícil, pois existe uma grossa camada de  pedra, geralmente calcário, que os separam.

Essas videiras, adormecidas neste período, estão entre os tesouros de França

São menos de 40 parcelas, em toda a região, que são reconhecidas como Grands Crus. Dessas, o maior número fica para os da denominação Chambertin, com nove parcelas. Em cada uma delas, geralmente, ficam vários produtores, com raras exceções, como o Romanée Conti, que é detentor de toda a sua parcela de Grand Cru.

Não seria justo deixar de falar nos deslumbrantes brancos da região, como o Chablis Grands Crus e, principalmente, do magnifíco Montrachet – esse vinho é a Chardonnay em todo o seu esplendor, belo, delicioso e perfeito.

Grandes vinhos são companhia constante na Borgonha

O melhor da gastronomia francesa está aqui

Grandes vinhos, grandes cozinhas. Quando for lá, não deixe de comer o clássico escargot da Borgonha ou um pigeon rôti (pombo assado). Tudo, claro, regado com seus maravilhosos vinhos: Nuit-St. Georges; Hospices de Beune; Chambertin; Clos de Vougeot; Vosne-Romanée; Montrachet; etc.

Santé!

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2 comentários

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  1. Janio Moraes disse:

    Caro Marcos,
    Vou deixar de lado os comentários do enólogo Renato Machado e adotar os teus. Afinal, vc está mais próximo, e se der algum problema depois das degustações vc pode ter o antídoto.Pergunta: esse pigeon rôti dá pra fazer com pomba galega ? Aqui no meu quintal tem muitas….

    RESPOSTA:
    Kkkkkkk boa essa do vinho. Quanto ao pombo, não se arrisque, Jânio. A diferença está no violeiro e não na viola, ou seja, no chef e não no pombo.

  2. Carlos Valente disse:

    Pô Marcão…vc literalmente caprichou neste artigo.
    Como bom parintinense, vale lembrar dos tempos em que éramos especialistas em degustar os vinhos brancos,tintos e rosês do Lauriano, ao lado do Mercado de Parintins. Vinhos Brancos ( cupu açú, graviola, araçá, etc.. Vinhos Tintos (assaí e bacaba-meio tinto vai). Rosês (grosélha fraca). kkkkkkkkkkkkk.
    Ah….ainda tinha os vinhos vesdes (caldo de cana).
    Para harnonizar….ç.um pão doce com manteiga (da Casa Ideal – de Lico Mendes)

    RESPOSTA:
    Kkkkkkk Boa Bentiva. Tudo verdade.