Todos têm razão, quando acusam uns aos outros, no caso da água

Sabe aquela velha anedota de que dois réus, diante do juiz, começaram a trocar pesadas acusações e o magistrado mandou recolher os dois? Pois é. Ele achou que ambos tinham razão. No caso do imbróglio do abastecimento de água em Manaus os diversos grupos políticos envolvidos têm toda razão: todos erraram.

Um erro monumental como esse, que deixa sem água a população da maior cidade da Amazônia, banhada pelos rios Negro e Amazonas, só podia mesmo ser obra coletiva.

Amazonino privatizou a Cosama. Acertou no atacado e errou no varejo, ao deixar de fornecer à Lyonnaise des Eaux um retrato fiel da situação da empresa. Os franceses saíram de Manaus com o rabo entre as pernas e venderam o prejuízo por R$ 1 ou US$ 1 (que diferença faz?) para a Águas do Amazonas.

O problema da água foi empurrado com a barriga.

A Águas do Amazonas, escaldada pelo vexame da Lyonnaise, foi tratada a pão de ló. Teve empréstimo da Caixa Econômica Federal e ganhou reajuste de tarifa do prefeito Serafim Corrêa. Ele chegou a achar que tinha matado a cobra e centralizou sua campanha eleitoral de reeleição, em 2008, na afirmação de que havia solucionado o problema do abastecimento d’água. Não era verdade e a realidade falou mais alto que a propaganda.

Continuou faltando água, apesar de a cidade inteira ter sido revirada para colocação de novos tubos – o que comprometeu o asfalto até hoje.

O ex-governador Eduardo Braga pegou R$ 360 milhões, do Governo do Estado e do Governo Federal, e jogou na criação de uma estação de captação, na Ponta das Lajes. Deu ao projeto inteiro o nome pomposo de Programa Águas para Manaus (Proama). Uma balsa encostou na ponte de captação e fez naufragar o desejo de Braga de empurrar o pacote de captação e cinco reservatórios para a Águas do Amazonas, antes de sair do Governo do Estado. Agora, com todo o trabalho pronto e operacional, os técnicos dizem que custará R$ 5 milhões/mês  para operar e oferece perspectiva de apenas R$ 1 milhão/mês de lucro. Ninguém quer pegar o pepino.

A água continua faltando.

Têm ou não têm razão, todos eles? O que deviam fazer, no lugar de ficar batendo boca direta ou indiretamente, era sentar, reconhecer os erros e partir para um planejamento sério que resolva o problema.

Está praticamente madura a gestação de novo repasse da concessão de abastecimento. Sairia da Águas do Amazonas para, segundo se fala cada vez mais abertamente, uma subsidiária da construtora Odebrecht.

Tomara que, mais uma vez, o distinto público consumidor não seja convidado a pagar a conta. Sutilmente.

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1 comentário

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  1. Marcos Parintins Santos, nos do IACi= Instituto Amazônico da Cidadania acompanhamos esse processo a 12 anos. Acredite nenhum desses atores aos quais você citou demonstraram qualquer preocupação com esse assunto. Visto que a água e um bem de primeira necessidade, além do que torna-se-a um cavalo de batalha desses que agora passam-se por ‘MESSIAS”, sejamos coerentes nenhum deles têm mesmo interesse de resolver esse assunto. Já fiz uma pesquisa sobre águas do Brasil atrelada a Odebrecht, cá pra nós,são empresários querem lucro…..Em todo o mundo as concessões estão de bens de primeira necessidade estão voltando para as mãos do iniciativa pública vide á França de Nicolai Sarcozy.