Os cerca de 547 moradores das comunidades do entorno dos lagos Violão e Picica, que integram o conjunto de 23 lagos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagacu Purus, próxima da Vila de Itapuru (a 62 quilômetros da sede municipal de Beruri), encerraram quinta-feira a despesca de 154 pirarucus com mais de 1,50 metro. O total representa oito toneladas e 20% do estoque adulto dos lagos, segundo a chefe da reserva, Ana Cláudia Leitão.
Foi uma festa digna de mostrar para o mundo. Infelizmente, o setor de turismo amazonense ainda não atentou para o potencial desse evento.
Imaginemos (clique para ler):
Um grupo de turistas (europeu, japonês, norte-americano) chega aos lagos, em barcos especiais, com cobertura, rapidez e conforto. Já naveguei com um palmo de calado em barco com todos esses requisitos. Os caboclos começam a despesca.
No lugar de malhadeira, o único arreio de pesca usado é o arpão. Os turistas são convidados a participar. Consegue-se, então, a primeira captura. O pirarucu, quando arpoado, reage duramente. Nada em grande velocidade para longe. Esconde-se no meio da galhada. Desaparece. É por isso que os pescadores não podem dispensar a “arpoadeira”, uma espécie de bóia flutuante amarrada na ponta da linha do arpão e que é solta na água nessa hora.
Depois de algum tempo, num lugar insuspeito, a bóia vem à tona. O pescador rema rapidamente para pegá-la. Começa a batalha mais direta com o pirarucu. A canoa, geralmente pequena, por causa da velocidade exigida, quase vai ao fundo.
Finalmente, o pirarucu está a bordo.
As mulheres, na margem, acompanhando divertidas o alvoroço de binóculos dos turistas, pegam o peixão e começam a “tratá-lo”. Evitam perfurações no couro, que será usado na indústria de calçados. Retiram as escamas maiores com carinho porque elas servirão para o uso cosmético – limpeza de unhas. A língua é colocada à parte, quase num ritual, para ralar castanha e até os duríssimos bastões de guaraná.
Ao final de tudo, o pirarucu vai ao fogo.
Peraí, que esse fogo tem que ser uma fogueira enorme, feita com restos de madeira colhida na margem. A primeira parte a ser servida é a cabeça, o “santo antonio”, com aquelas cartilagens frescas, deliciosas. Depois vem a ventrecha, com bastante farinha regional, tucupi, pimenta e outras iguarias.
Quando o turista acha que o ritual acabou, o caboclo saca então a caldeirada, de enorme caldeirão suspenso numa forquilha sobre a fogueira. Vem recheada de todos os miúdos do peixe e pela carne maravilhosa, temperada com cheiro-verde.
Isso é turismo. Basta um deles por dia, em uma semana ou mais de despesca, para que o pirarucu possa oferecer ao Amazonas mais que algumas toneladas de carne para serem vendidas ao supermercado Pão de Açúcar.
* Dados técnicos:
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus foi criada por meio do decreto 23.723, de 05 de setembro de 2003, incorporado a APA Lago do Ayapuá, do Médio Purus. A Unidade de Conservação ocupa uma área de 809.268,02 hectares. A pesca, a agricultura, a caça e a extração de produtos madeireiros e não-madeireiros são as principais formas de sobrevivência das populações da área.
O Purus responde por 60% do pescado consumido em Manaus.
* Fonte: Agecom
Olá Marcos Santos
Me chamo Edegar, sou da empresa pH Couros Exóticos.
Estamos em busca de peles de pirarucu, para curtir em nosso curtume e fazer sapatos e afins. Poderia me indicar alguém (pescador, cooperativas de pescadores ou algum frigorífico).
Desde já muito obrigado
Edegar
Bom dia.
Tenho, congeladas, umas 100 peles de pirarucu medindo em torno de 70 cm e tenho mais 72 peixes para abater e retirar a pele. Entre em contato por e-mail para negociarmos, caso haja interesse.