A maior enchente e a maior vazante de todos os tempos

A maior enchente, que ocorreu em 2009, com o rio Negro atingindo 29m71, agora concorre como marca histórica com a maior vazante, registrada neste domingo (24/10), como um forma um tanto estranha de marcar o aniversário de Manaus.

Nossa geração parece fadada ao ineditismo. Não foi só a máquina de escrever que virou computador, nem os equipamentos de TV que foram reduzidos, comparativamente, a quase nada. Temos os fenômenos naturais, seguindo-se um ao outro, do tsunami aos terremotos, da enchente à vazante recordes.

O que faremos? Vamos apenas registrar tudo, em nossas máquinas fotográficas popularizadas sob todos os ângulos?

Há sim o que fazer.

Em primeiro lugar, a vazante mostra o quanto precisamos de estradas. Chega a ser cruel deixar tanta gente isolada porque não nos permitem construir rodovias. Olhando do alto, olhando nos mapas, vemos a imensidão do nosso Amazonas e percebemos que as cidades não estão tão distantes, umas das outras, quando olhadas sob o ponto de vista da linha reta, indiferente ao traçado dos rios.

Só um exemplo, para não perdermos tempo: O Município de Autazes, na seca, ficaria inacessível se não tivesse uma rodovia interligando-o ao porto do Careiro da Várzea. Para ir de barco até lá, a partir de Manaus, é preciso descer o rio Amazonas, até Itacoatiara, entrar no Madeira e seguir até a cidade. Isso leva dias e significa enfrentar bancos de areia em todo o trajeto.

Em alguns lugares, enquanto a estrada não vem, a dragagem dos furos e paranás basta para evitar o isolamento. Sim, isso é muito possível. O Furo do Pucu, em Barreirinha, tem uma obra de dragagem iniciada há três anos e que não anda. Ela evitaria o isolamento dos índios saterê-mawé e dezenas de comunidades no rio Andirá. Essa gente é obrigada a conviver com a lama – algumas para banho, comida e mesmo para beber – durante metade do ano.

Claro que é preciso cuidado com o ambiente ecológico delicado em que vivemos. Evidente que não estamos falando de abrir estradas a esmo ou fazer furos sem os devidos estudos de impacto ambiental, causando deformações nos costumes de cardumes, pássaros e animais. Para ser bem claro, a proposta é não assistir a tudo inerte, mas buscar alternativas para ajudar essa gente pobre, necessitada e carente de quase tudo, cujo único instrumento de sobrevivência é a água. Água que, desgraçadamente, pode afogá-la ou matá-la de sede.

Veja também
Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *