Passagem de ônibus, uma gangorra para mais de 1,2 milhão de usuários

Manaus tem, segundo o IBGE, 1.738.641 habitantes. Alguém duvida que mais de 70% utilizam transporte coletivo, todos os dias? E que grande parte sai de casa com o dinheirinho contado para a ida e a volta? Pois bem, é essa gente, mais de 1,2 milhão de pessoas, que está sendo submetida à gangorra em que se transformou o preço da passagem de ônibus na capital da Zona Franca.

Ocorre que esse não é o maior problema. A questão é que, pague quanto pagar, o usuário acaba perdendo duas horas ou mais, diariamente, só para ir ou vir do trabalho.

O problema talvez não seja falta de ônibus. Há mais de 1,2 mil deles circulando pela cidade, segundo número do Instituto Municipal de Transportes e Trânsito (IMTT) e dos empresários. Quem manda são os donos de empresas ou o Sindicato dos Rodoviários (entenda-se aí motoristas e cobradores). Os dois lados já mostraram do que são capazes, recentemente, quando orquestraram uma greve laboral com o único objetivo de aumentar o preço da tarifa, embora os trabalhadores pedissem reajuste salarial e os empresários, claro, alegassem prejuízos.

E a Prefeitura?

Essa está num redemoinho do qual será muito difícil se desvencilhar. Ele vem ampliando o volume e a velocidade há décadas. Piorou ainda mais em 2007, quando a Prefeitura tentou fazer uma nova licitação e afastar os maus empresários do sistema. Eles se reuniram, formaram um consórcio deles mesmos, o Transmanaus, e deixaram tudo como estava.

De quebra, o Sinetram ainda conseguiu embutir algumas “cositas” no novo texto, como a obrigatoriedade de reajuste anual a partir do preço estabelecido na data daquela assinatura, com base num índice econômico, independentemente do que ocorresse com o sistema – como foi o caso do recadastramento dos estudantes, que retirou um peso enorme da composição da tarifa.

Transporte coletivo é fundamental. É porque ele não funciona que todo manauara ainda sem carro sonha com um. E todos tiram o seu da garagem, toda hora, ainda que seja para ir à esquina comprar um antiácido.

O resultado é um trânsito engarrafado, o tempo inteiro.

A gangorra das tarifas teve novo capítulo nesta quarta-feira (22/07), devolvendo o preço a R$ 2,25. Como está parecendo aqueles jogos em que o placar termina 10 a 3, não vá perder a conta: R$ 2,25 será o preço a partir desta sexta-feira (23/07).

Concluo que a situação chegou a tal ponto que só um grande pacto social pode resolvê-la. Os empresários têm força. Os trabalhadores do setor também. Os políticos sabem se defender muito bem. O Judiciário age respaldado por um contrato que, até prova em contrário, está em vigor.

Mas quem defende o usuário?

É em nome dele que todos deveriam reunir e tomar uma decisão o mais negociada possível. E olhar, um para o outro, e decidir: “Vamos tomar vergonha na cara!”

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Comentários

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  1. Mauricio disse:

    Só quem utiliza o transporte coletivo é quem sabe o que sofre!Quando eu ia pra Faculdade saindo do Bairro Cidade de Deus pro Centro da cidade eu gastava 1hora pra chegar e 1h e meia pra voltar!Isso quando eu pegava o ônibus direto pro centro (linha448). E quando eu pegava no Terminal04! Além da demora do “coletor” eu tinha que disputar a passagem na porta de embarque, só pra poder entrar no ônibus!É mole!

  2. DE OLHOS NELES disse:

    PARABÉNS MARCOS SANTOS,ESSE FOI A MELHOR ANALISE DO TRANSPORTE COLETIVO DE MANAUS.
    AGORA EU POSSO AFIRMAR QUE O AMAZONINO,NÃO TEM INTERESSE ALGUM EM ARRUMAR O SISTEMA DE TRANSPORTE DE MANAUS.
    A PROVA DISSO É A NOMEAÇÃO DO Sr. MARCOS CAVALCANTE PARA O IMTT(IMPROBIDADE MUNICIPAL DO TRANSPORTE E TRANSITO).
    O QUE ELE ENTENDE DE TRANSPORTE É O MESMO QUE VOCÊ (SEM QUERER OFENDER) ENTENDE DE TABELA PERIÓDICA,OU SEJA, QUASE NADA. HÁ MAIS DE 10 ANOS, NÃO SE TEM UM TÉCNICO NOMEADO PARA PRESIDIR O IMTT.
    QUANDO NÃO É UM É UM POLÍTICO É NOMEADO UM ÍMPROBO. E AINDA TEM MAIS,TODO MUNDO FINGE QUE NÃO VÊ.
    OS ÔNIBUS QUE CHEGAM PARA RODAR EM MANAUS,TODOS CHEGAM SÓ COM UMA UNICA FILEIRA DE CADEIRAS (ASSENTOS) E SEM ALMOFADAS.
    MANAUS É A UNICA CIDADE DO BRASIL QUE OS EMPRESÁRIOS NÃO DÃO CONFORTO PARA OS USUÁRIOS DE ÔNIBUS.
    ESSA É A CIDADE DOS CÚ DURO.

  3. PEDRO ARNALDO disse:

    O QUE ACHO INTERESSANTE NESTE VAI E VEM, QUANDO A PASSAGEM RETORNOU PARA R$2,10 AS EMPRESAS LEVARAM QUATRO DIAS SEGUNDO, PARA AJUSTAREM AS “CATRACAS” AGORA, QDO RETORNOU AO PREÇO QUE ELES IMPUSERAM, NO MESMO DIA A PASSAGEM SOFREU O REAJUSTE, É ATÉ SIMPLÓRIO, E O PREFEITO NADA FAZ, NA VERDADE QUEM MANDA SÃO OS EMPRESÁRIOS COM SEUS CACARECOS, MAIS NA HORA DA COOPERAÇÃO NAS ELEIÇÕES ELES ESTÃO LÁ, É POR ESTE MOTIVO QUE O PREFEITO NÃO TEM QUALQUER MORAL PARA RETIRAR A CONCESSÃO DESTES SALAFRÁRIOS.